Igreja investe em novos materiais para atender surdos
Além do Evangelibras, outros conteúdos têm ajudado a fortalecer a fé da comunidade
Nos últimos cinco anos, a Igreja Adventista tem investido na produção de materiais e programas específicos para atender os surdos que vivem em oito países da América do Sul. Apenas no Brasil, a denominação tem aproximadamente 1.500 membros batizados que não ouvem e necessitam de recursos diferenciados para aprofundar seu conhecimento da Bíblia e compartilhá-lo com outras pessoas.
Dados do Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que 5,1% da população do País possui algum tipo de deficiência auditiva. Em números, isso equivale a cerca de 9,7 milhões de cidadãos. Destes, 2,5 milhões têm deficiência auditiva severa, um dos graus mais críticos na escala de perda da audição.
“A preocupação da Igreja não é só com os ouvintes. É também com um público grande, que são os surdos. Se nós não temos uma iniciativa clara, não vamos conseguir juntar grupos de surdos ao redor de uma grande causa, que é alcançá-los com o evangelho”, assinala o pastor Edison Choque, diretor dos Ministérios Especiais da Igreja Adventista para oito países sul-americanos.
Hoje a internet é um dos principais meios utilizados pela denominação para chegar a esse público. Pelo terceiro ano consecutivo, os adventistas têm investido em um programa evangelístico com transmissão ao vivo pelo Facebook e YouTube, mídias sociais que hoje alcançam milhões de internautas em todo o mundo. Com duração de quatro dias, a edição 2017 do Evangelibras – realizado de 14 a 17 de junho – teve como ênfase principal o sacrifício de Cristo, destacando também a relevância dos relacionamentos familiares.
“O que resume toda essa semana é o amor. O amor demonstrado por Jesus, que quer nos salvar, que quer nos resgatar, seja um povo surdo, seja um povo ouvinte”, destaca, com a ajuda de um intérprete, o professor Edgar Alvarenga Simões, que foi o orador deste ano. Especialista em Educação Inclusiva, ele também dirige o Ministério Adventista dos Surdos em Novo Brasil, no Espírito Santo, e explica que seu papel é evangelizar as pessoas com quem tem contato, incentivando-as a ter uma fé em Cristo.
Alcance
É o que outros surdos adventistas também tem feito, resultando em decisões como as do casal Isaías e Rayanne Félix, que foram batizados neste sábado, 17, no encerramento do Evangelibras. Isaías conheceu a Igreja Adventista no Distrito Federal. A convite de um amigo, começou a frequentar um templo onde algumas pessoas conheciam a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e passaram a lhe ensinar sobre a Bíblia.
Ele logo ingressou no clube de Desbravadores. No entanto, viveu um conflito interno em relação a continuar a participar das reuniões eclesiásticas e de outras atividades que não estavam relacionadas ao estilo de vida cristã. “Ia a vários locais e realmente esqueci de Jesus”, lamenta o professor.
Hoje, Isaías tem uma visão diferente. Quer se tornar um exemplo para que outras pessoas conheçam a Jesus para que também tenham uma vida diferente. Sua esposa, que antes não sabia muito a respeito da Bíblia, diz que o que tem aprendido está lhe trazendo muita felicidade.
Em relação aos materiais destinados aos surdos, neste ano a Igreja Adventista na América do Sul produziu uma versão do livro missionário Em Busca de Esperança em Libras e do filme O Resgate, que foi utilizado durante a Semana Santa. Para o próximo ano, a proposta é ter o curso bíblico Ouvindo a Voz de Deus na mesma linguagem. Quanto ao futuro do Evangelibras, a ideia é que ganhe mais força, como enfatiza Choque. Em 2018, o sonho é que tenha uma semana de duração.
Multiplicação
Já é possível encontrar 164 ministérios para surdos espalhados pelo Brasil. Eles funcionam nos templos adventistas, dando suporte para que membros e visitantes compreendam a liturgia e as mensagens apresentadas pelos oradores.
No bairro de Engenho Velho de Brotas, em Salvador, na Bahia, está formada aquele que é considerado o primeiro templo adventista para surdos. Composto por aproximadamente 25 membros, ele funciona em um espaço dentro de uma igreja tradicional, mas tem uma rotina voltada exclusivamente para os surdos.
E na igreja adventista do Mandaqui, na cidade de São Paulo, foi inaugurado um centro de influência que oferece cursos de capacitação profissional e outras atividades para os surdos. O espaço, que pode atender até 60 pessoas, recebe uma média de 50 participantes em cada um dos encontros.
Para quem deseja ser um intérprete, Choque frisa que há cursos organizados pelas Associações e Uniões da Igreja Adventista (sedes administrativas regionais e estaduais, respectivamente). “Creio que em cada Estado vamos promover um curso completo por ano. E nosso lema é muito claro: cada surdo discipulando outro surdo; cada intérprete discipulando outro intérprete, e um ministério se multiplicando em outro ministério”, pontua. Para encontrar um templo adventista que tenha um ministério para surdos e materiais destinados a esse público, visite surdosadventistas.com.br.
Fonte: noticias.adventistas.org
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